Tempos
houve em que durante largos meses do ano uma considerável parte da população
activa do Pombalinho, trabalhava exclusivamente no amanho das vinhas e no seu
acompanhamento até à produção do tão famoso néctar extraído das cepas que
proliferavam em enormes extensões pelos campos da nossa terra. Quase todas as
casas agrícolas faziam depender da produção do vinho uma das suas grandes
fontes de receitas e a paisagem agrícola dessas imensas áreas de vinhedos que
então existiam, era substancialmente mais equilibrada quando comparada com a de
hoje! As searas de produção maciça do milho vieram agravar a questão da
monocultura e deixam-nos a níveis de observância tão baixos que o prazer de
podermos usufruir das paisagens de campos cultivados da nossa terra em certas
alturas do ano, se tornou numa verdadeira miragem!
Mas enfim, o tema de hoje é adegas e na verdade muitas existiram no Pombalinho em tempos não muito distantes, contribuindo para uma vida social muito diferente e dando um movimento à nossa terra que só de lembrarmos as quantas vezes que sorrateiramente fintávamos o boieiro para tirarmos um belo cacho de uvas das dornas que seguiam no carro pachorrentamente em direcção ao lagar, nos arrepia a alma! Existiram a funcionar em pleno, as adegas das famílias Menezes e Canavarro ali na rua Joaquim Piedade da Silva, uma outra na Rua de Santo António, outra mais recente no cruzamento da Rua 5 de Outubro com a Rua António Eugénio de Menezes, a Adega Nova na Estrada Real ( assim chamada por ser de construção recente em relação às então existentes) e outras mais de reduzidas dimensões quando comparadas com estas mas onde igualmente se fazia vinho em quantidade que superava largamente as necessidades familiares.
Estas
fotografias que escolhi para ilustrar esses tempos vividos ainda bem longe da
mecanização que hoje predomina nos campos agrícolas, foram gentilmente cedidas
pelo Guilherme Afonso em 25 de Maio de 2007 com opinião um pouco crítica quanto
à insuficiente qualidade das mesmas! Pois bem, elas aqui estão..., independentemente
de terem ou não a qualidade desejada, o que importa mesmo é que se fale da
nossa terra e das suas histórias, fazendo jus à ideia de que “nenhum futuro se
constrói sem memórias!” Nós tentaremos seguir por aí!
Esta fotografia foi registada por Guilherme Afonso na Adega Nova
em 3 de Outubro de 1949. De entre outros, reconhecem-se A. Vieira, João Cunha,
Alfredo Girão (encarregado dos Meiras), Júlio Lopes, Júlio Cleto, Joaquim
Inácio, Joaquim Abadeço, José Sobreiro, Manuel Pombo, Manuel Mira, Francisco
Gaião, Ricardo Maria, Artur Maria, Joaquim Anastácio, Joaquim Ludovina e José Justino.
Fotografia também tirada em 03 de Outubro de 1949. Da esquerda para a direita, Manuel Pombo, Guilherme Afonso e José Sobreiro.