09 fevereiro 2008

Vera Cruz Futebol Clube VII






Ao olhar para esta fotografia não posso deixar de me recordar desses tempos maravilhosos que a todos, os que andaram nessas andanças do futebol, marcaram de uma forma muito particular. No Pombalinho vivia-se tempos de ausência da sua equipa de futebol nos campeonatos regulares da então denominada FNAT. Não me lembro de quais as razões, mas de facto a nossa terra ao não integrar essa competição, ficou com menos brilho naquelas tardes de domingo em que fazíamos verdadeiras peregrinações em direcção ao antigo campo das Ónias!
Aquela geração de ouro da qual fizeram parte o Zé Gomes, o Carlos Feijão, o Zé Guilherme, o Ezequiel Leal, o Manuel Barão, o Ezequiel Mateiro, o Zé Leal e tantos outros, tinha chegado ao fim e a sua sucessão possivelmente não foi devidamente preparada de modo dar continuidade à participação do Pombalinho nesses campeonatos regionais de futebol.
Tínhamos vivido a nível nacional, a brilhante participação de Portugal no Mundial de 66 e o entusiasmo sentido era propício a que o futebol fosse tema de empolgação nas vidas de muita gente. Joaquim Meirim, o fenómeno Meirim, tinha tomado conta das paixões futebolísticas e no Pombalinho sentia-se uma vontade enorme de fazer renascer a sua equipa de futebol. O timoneiro dessa aventura foi um homem chamado Heliodoro da Silva Bacalhau, tratado simplesmente por Sevilha, devido à profissão de barbeiro que abraçou assim que chegou do cumprimento do serviço militar por terras de África. A sua barbearia localizada mesmo ao lado do palacete Barão de Almeirim, onde em tempos no mesmo ofício tinha sido de António Barbeiro, era o local de contágio a um conjunto de jovens ávidos em calçar as chuteiras e vestir as camisolas representativas da sua terra. Dos planos à sua concretização foi num ápice e o grupo naturalmente disse presente ao desafio do Sevilha. Os treinos eram sistematicamente ministrados "à Meirim", corridas nocturnas (pois durante o dia era para trabalhar para uns e outros para estudar em Santarém) até ao Chões, passando no regresso pelo Reguengo, Alverca grande e Pombalinho. Depois era banho com água fria na Casa do Povo , porque água aquecida pelo esquentador ainda era considerado um luxo nesses anos setenta do século passado. E pronto, lá estávamos atleticamente preparados para o início do campeonato, não éramos tecnicamente muito habilitados, mas tínhamos uma condição física que causava inveja a outras equipas do nosso grupo.
E esta fotografia, curiosamente vista pela primeira vez por quem escreve estas linhas, ao fim de trinta e seis anos, retrata exactamente o Sevilha tal como ele era nessa sua missão de treinador do glorioso Vera Cruz Futebol Clube..., sorridente em qualquer circunstância e sempre com uma fé inabalável nos seus jogadores.
Resta-me dizer que esta foto só foi possível ser publicada neste espaço, porque o Heliodoro da Silva Bacalhau chamando-me á sua actual barbearia situada na Estrada Real, retirou-a de uma parede onde estava religiosamente pendurada e disse-me: Manel, leva-a, tira uma cópia para ti e traz-ma quando quiseres!
E eu digo-lhe daqui: Muito Obrigado, Sevilha, por me teres possibilitado este pequeno texto, sentido... sobre o nosso Pombalinho!

Para a memória colectiva, de pé e da esquerda para a direita, Heliodoro da Silva Bacalhau “Sevilha”, António Carlos, Alexandre, Coradinho, António Brás, Hermínio Feijão, Manuel Gomes , José Gomes e Carlos Cavaco. De joelhos e pela mesma ordem, José Correia, Carlos Moura, Carlos Melão, Miguel da Costa, António Carlos “Nonin” e Júlio Légua.
Como curiosidade, neste jogo realizado no campo das Ónias a contar para a taça da FNAT, defrontamos o Muge e perdemos por 0-4.






1 comentário:

Bic Laranja disse...

A parte Manel, leva-a, tira um cópia para ti e traz-ma quando quiseres!
diz tudo sobre o espírito da coisa. Cumpts.