A
vindima de outros tempos mobilizava homens e mulheres que especialmente
constituídos em ranchos executavam este trabalho, de caraterísticas sazonal,
normalmente no fim das colheitas de Verão. No Pombalinho existiam vinhas que se
diferenciavam basicamente pela sua
extensão. As de maior dimensão que pertenciam às casas agrícolas e as de tipo
familiar. Nestas, naturalmente produções menores, as vindimas eram feitas pelas
pessoas mais chegadas aos donos (normalmente familiares e pessoas amigas) e a
simples participação destes na vindima traduzia-se em gestos considerados de
"boa vizinhança", propiciando um clima de grande cordialidade entre todos
os intervenientes.
Deste registo fotográfico, cedido gentilmente
por Ema Minderico, recordamos uma dessas vindimas realizada num local
denominado por Urtigas, no ano de 1954. Reconhecem-se o António Simões a
receber o cesto de uvas levado por Adelina Amialeira, Adelina Presume e sua
irmã (de chapéu de sol), Luís Balas do Reguengo do Alviela e o jovem Rogério
Tereso.
A vindima não se podia
considerar, em comparação com outros trabalhos agrícolas, uma actividade pesada
e árdua, mas exigia comprovadamente de todos uma grande aplicação e por vezes
alguma destreza no desempenho de algumas tarefas inerentes ao trabalho que a
envolvia. Esta foto, gentilmente cedida por Pedro Menezes, exemplifica bem
esses atributos que os trabalhadores tinham necessáriamente de exibir! Das
dornas, homens com cestos às costas transportam as uvas para o lagar a fim de
serem pisadas e o respectivo mosto obtido, transformado mais tarde em vinho.
Como noutras áreas agrícolas, também a vindima sofreu ao longo dos últimos anos, naturais e significativos desenvolvimentos. Fruto dos tempos, a implementação de novos utensílios e a modernização dos meios de transporte tornaram-se imprescindíveis para a qualificação da mão de obra e na criação de outros dinamismos mais adequados a padrões de qualidade que a actividade exigia.
Exemplo
disso foram as tradicionais cestas e cestos de verga, utilizados durante largos
anos, que deram lugar a outros fabricados em chapa zincada e mais recentemente
em plástico, esse material que veio revolucionar por completo toda a economia e
neste particular a agricultura.
Na própria concepção da
vinha, também ela sofreu uma forte mudança. O crescimento e o desenvolvimento
das cepas deixaram de ser desordenados. As novas
vinhas foram estruturadas com cepas devidamente aramadas e alinhadas entre
carreiras, a uma distância suficiente para permitirem a entrada de máquinas de
forma a substituir grande parte do trabalho manual pelo mecanizado!
No transporte das uvas
para a adega, as tradicionais dornas transportadas em vagarosos carros de bois,
“passaram à
memória” pelo aparecimento das tinas metálicas. A construção destes
novos recipientes foi optimizada às dimensões dos reboques e preparados para
serem accionados na adega por mono rail suspenso, de forma a serem
descarregados no lagar de uma forma rápida e sem grande recurso ao esforço
humano!
Hoje,
praticamente em todas as adegas já se utilizam novas tecnologias para o fabrico
do vinho. Longe vão os tempos das demoradas "pisas" de
calças arregaçadas, à volta de um saudoso convívio que este trabalho em grupo
sempre propiciava!
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