As cheias sempre foram
no Pombalinho "visitas" frequentes desses longínquos
e rigorosos Invernos em que as fortes chuvadas com elevados índices
de precipitação inundavam campos e zonas habitacionais situadas em zonas mais
beixas.. Embora com alguma imprevisibilidade quanto ao tempo de permanência e
também nos níveis atingidos, (as ruas mais sacrificadas pelas "alvercadas" ,
como assim se chamavam às de menor amplitude para se distinguirem das de
efeitos devastadores ,
eram a Manuel Monteiro Barbosa e a 1º de Dezembro) as cheias constituíam uma
condição excepcional ao nível da acção fertilizante que transmitiam às terras
por elas alagadas.
Nesses tempos as culturas agrícolas que então predominavam, assim
como a própria estrutura fundiária que constituía grande parte das
áreas cultivadas, serviam de autênticas barreiras naturais ao avanço
descontrolado das águas provenientes da subida anormal do caudal do
Tejo e as pessoas preparavam-se naturalmente e sem grandes preocupações para
esta rotina calmamente assumida, quer na prevenção dos seus bens materiais e
outros passíveis de serem afectados pelas cheias, como também e porque não, na
contemplação de um espectáculo nem sempre desejado mas que a nova paisagem
surgida pelo movimento das águas sempre acabava por provocar.
E não raras são as fotografias existentes, que apaixonados
pelo simples prazer da arte, aproveitaram para registar e guardar nos baús das
suas recordações essas imagens irrepetíveis porventura nos dias de
hoje. Felizmente a este espaço, também ele de memórias, tem chegado algumas
dessas verdadeiras relíquias históricas que em muito contribuem para uma melhor
compreensão do percurso desta comunidade pombalinhense e das razões
sócio-económicas que tiveram de optar por imperativos geográficos em que o Pombalinho se
situa.
Hoje, por intermédio de Joaquim Mateiro, temos o grato prazer
de recebermos mais uma dessas contribuições na pessoa do Dr António Carlos
Barreiros Nunes Menezes , permitindo-nos assim publicar estas pequenas
pérolas fotográficas da autoria de seu pai, António de Menezes ,
referentes a uma dessas cheias que inundaram a nossa terra no ano de 1940/41.
Interessante
registo fotográfico na rua Barão de Almeirim! Apesar das águas quase a entrarem
nas habitações, a vida nesta zona do Pombalinho não parou! Mulheres
lavando a roupa frente à casa de Júlio Freire e Américo Cachado a ser
transportado de barco para a sua habitação!
Rua
António Eugénio de Menezes.
Excelente
fotografia tirada à entrada no Pombalinho pela EN 365, permitindo avaliar bem o nível
que as águas atingiram nessa cheia de 1940/41.
4 comentários:
Ola
muito obrigado pelos comentarios no meu blog de postais antigos
Gostou muito do vosso blogue !
Excelente trabalho de mémoria
Boa continuação
Hugo - Portugal em Postais antigos
Obrigado Hugo, pela visita mas também pelas palavras!
Um Abraço
Caro Manuel Gomes
Mais uma valiosa contribuição sua, com a colaboração do Dr. António Carlos Barreiros Nunes Menezes, para o conhecimento do nosso Pombalinho. As fotografias estão muito boas. Muito obrigado.
Sempre no sentido de dar também a contribuição possível, permita-me uma pequena observação. Ou eu muito me engano, ou “alvercada” chamava-se às cheias em que a água mal chegava a sair das alvercas, e não às grandes. No sítio onde eu morava em miúdo (Rua Carolina Infante da Câmara), assisti a muitas dessas, que mal assomavam lá dos lados da Estalagem do Pocinho, chegando até mais ou menos à Estrada da Alverca (Estrada n..365), já estavam a voltar para trás. Ou seja: nem “cheias” chegavam a ser.
Caro Amigo Guilherme!
Tem toda a razão! As alvercadas eram realmente as cheias que mal saíam das àreas das alvercas ou que chegavam também a "beijar" ligeiramente essas zonas mais baixas do Pombalinho a que fiz referência. Acontece é que depois do texto que tinha correctamente criado, pensei em introduzir o "link" das cheias de 1979 e alterei por completo o sentido da frase! Acontece!Muito Obrigado pelo reparo e muita saúde para todos vós, aí em Maputo!
Um Abraço!
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