A Quinta de Fernão
Leite fez parte de um conjunto de casas agrícolas que existiram durante mais de
três quartos do século vinte e pelas quais se desenvolveu grande parte da
agricultura então existente no Pombalinho. Teve como proprietários conhecidos,
o padre José Maria do Rosário e os irmãos António e José Menezes, ficando este
com a sua apropriação depois de uma separação de propriedades que geriam
familiarmente em finais dos anos 1940/45.
As fotografias que
temos o prazer de publicar, referem-se a trabalhos na eira da Quinta de Fernão
Leite e foram registadas por António de Menezes entre os anos de 1940/45. Elas
encontram-se emolduradas em casa de seu filho António Carlos Barreiros Nunes de
Menezes, que por sua amabilidade, foi-nos possível reproduzi-las em suporte
digital por intermédio do nosso amigo Joaquim Mateiro e assim incluí-las na
galeria histórica do “Pombalinho”.
O
trigo a ser carregado ainda no campo, para posteriormente ser transportado em
carros puxados por juntas de bois para a eira.
Chegada à eira, a
carrada dos molhos de trigo seriam descarregados. O boieiro que está na foto,
pensa-se ser um senhor que trabalhou para a família Menezes durante muitos anos
na condução de carros de bois. O seu nome é Pedro e era pai da nossa conterrânea
Domicília, esposa de Manuel Gregório. Mais à direita, uma autêntica inovação da
técnica para a època, uma debulhadeira mecanizada! E a desempenhar a função de
"alimentador" (pessoa encarregue de alimentar o normal funcionamento
da máquina com braçadas de trigo) está o nosso bem conhecido José Afonso, que
durante vários anos pelas eiras andou, a trabalhar na debulha do trigo ao
serviço da família Menezes.
Esta imagem consiste na
debulha prévia das favas. Os caules da leguminosa eram espalhados na eira e depois
parelhas de éguas devidamente comandadas por homens experientes, em movimentos
circulares, iriam por esmagamento, soltar a fava da vagem.
O conjunto da máquina a
vapor que fazia comandar a debulhadeira. Para esta tarefa mecanizada exigia-se
também alguma experiência e muita rotina. Homens que tinham por missão
normalizar a entrada o cereal na máquina, outros transportando em carros de mão
fabricados ainda em madeira, o trigo já debulhado e outros que não se vêm na
foto mas que tinham a responsabilidade de alimentar o depósito de àgua da
respectiva máquina a vapor, eram presenças muito importantes neste trabalho de
debulha por volta dos anos de 1940/45.
Com a ajuda de
uma junta de bois a puxar por um utensílio de madeira chamado rodo, procedia-se
ao ajuntamento dos restos da palha dos cereais misturados com alguns grãos,
desperdiçados pela acção da debulhadeira, para uma posterior limpeza e
aproveitamento final .
E aqui está essa acção
de limpeza de que atrás falamos. Homens lançando ao ar e contra a direcção do
vento, os cereais misturados com a palha. Com vento a favor , este leva a palha
e demais impurezas, deixando os grãos do cereal libertos e limpos.
Nesta foto procede-se à
medição com um alqueire, do feijão branco que se vai metendo dentro de sacos de
linhagem. Reconhecem-se de entre outros, o José Cordoeiro, Joaquim Machourro e
Pedro, o boieiro.
Finalmente, tinha
chegado a hora do carregamento dos cereais já devidamente ensacados e medidos
para cima de um carro puxado por mulas. Nesta imagem, a receber enormes sacos
transportados às costas, está o José Cordoeiro.
Colaboração nos
textos de Joaquim Mateiro
2 comentários:
Grande reportagem, Manuel Gomes. Merecia um prémio, extensivo a todos os que contribuiram para que tão notável trabalho fosse possível.
Em 1941 andei eu nessa eira a cortar o arame para os fardos da palha do trigo, feitos numa enfardadeira que estava no alinhamento da debulhadora e para onde a palha era encaminhada logo que saía da debulhadora.
Bons tempos, não é verdade caro amigo Guilherme? Não, pelas dificuldades sociais então existentes, que eram enormes, mas sim pelos tempos recuados de uma juventude em que o mundo nos parecia bem mais ao nosso alcance!
Um Abraço!
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