30 junho 2011

Luís Duarte Fróis




Luís Fróis


Luís Duarte Fróis foi das pessoas cuja profissão era das mais solicitadas no Pombalinho. A oficina de serralharia onde trabalhava e da qual era proprietário, situava-se mesmo à entrada sul desta aldeia ribatejana, na rua Barão de Almeirim. 




Florindo, Luís Fróis, António Afonso, Joaquim Cachado e José Alexandre.


Era frequente verem-se na rampa de terra batida, que servia de acesso ás instalações, alfaias, charruas e uma variada quantidade de maquinaria que então se utilizava nos trabalhos agrícolas à espera de vez para serem reparadas. Também o fabrico de portas, portões, tinas de transporte de uvas e tudo que tivesse a ver com a serralharia agrícola, se fazia na velha oficina do mestre Fróis, como muitos carinhosamente o chamavam. O barulho característico de martelar o aço na bigorna, depois deste ter saído da forja ao rubro e em condições de ser moldado ao formato da peça pretendida, era frequentemente ouvido por quem ali passava a caminho da antiga escola primária ou numa ida à também antiga cada Farol, situada mesmo em frente do outro lado da rua.




João Martinho, José Alexandre, Luís Fróis, Joaquim Cachado e Rui Borges.


Alguns jovens, depois de terminada a escolaridade obrigatória, passaram pela oficina do Luís Fróis onde deram os primeiros passos na aprendizagem da profissão. Uns por ali ficaram e se fizeram homens, outros acabaram pela escolha de novos rumos que fossem mais de acordo com os seus projectos de vida.

Mas da oficina do Luís Fróis, persiste na memória de muitos de nós uma recordação que a miudagem de então jamais esquecerá! Os berlindes! Isso mesmo! Aquelas esferas que eram o orgulho de quem as conseguia ter! Jogar ao berlinde, com esferas de rolamentos substituídos por força da reparação de uma qualquer alfaia agrícola, era um privilégio! Quais berlindes em vidro multicolor comprados na feira de São Martinho, quais quê! Aqueles de aço polido e reluzentes é que eram bons! Verdadeiros campeões no lançamento ao buraco e no acerto aos que se lhe aproximavam !!!
Hoje quando por lá passamos, já não ouvimos o som do martelar o aço ao rubro na bigorna nem o cheiro característico do coque, mas sentimos e temos como certas que são também estas as memórias que nos completam.



Colaboração fotográfica de Graciete Palmeirão.





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21 junho 2011

Júlio Freire !




José Bray é genro de Júlio Freire! De visita ao seu blog, "Bray", encontramos  um extraordinário texto da sua autoria  publicado no passado dia  28 de Março de 2011. Não se trata de  um qualquer testemunho circunstancial  mas, segundo suas próprias palavras, de uma forma de homenagear aquele que ele considera ter sido, "uma personagem fascinante"! Na verdade Júlio Freire foi, para muitos os que tiveram o privilégio de o conhecer, uma pessoa que transparecia uma rara sabedoria! Quase sempre  em  "contra-corrente" ao que era considerado normal em termos sociais, cultivava uma certa relação enigmática com quem convivia no dia a dia! Não era muito dado a exposições gratuitas sobre o que pensava mais profundamente, mas sabia-se o quanto se preocupava com as diversas formas de injustiças! Era, por variadas razões, uma  voz atentamente escutada!!!


      " Começa assim o texto de José Bray: 


O meu sogro foi uma personagem fascinante, não resisto ao desejo de falar da sua pessoa. Mais vezes o irei fazer! Será uma forma de homenagear a sua memória! Bray


Júlio Freire – O Aljube

Maio de mil novecentos e cinquenta e oito, eleições para a Presidência da República, Américo Tomas candidato do regime, Humberto Delgado candidato da oposição.

Era sábado, vésperas de eleições. Eleições? Não me façam rir, era tudo uma fantochada naquele tempo não havia essa coisa na política nacional, talvez houvesse em alguns clubes mas não no governo. Era Salazar, outra vez Salazar, sempre Salazar e quem ele lá metia para servirem de lacaios e de capacho. Na porta da padaria do Júlio Freire, o próprio mais alguns homens de meia-idade trocavam opiniões, falando um pouco de tudo, mas no acto do dia seguinte nem pensar, era preciso cuidado com os bufos. Um dos temas de conversa era a ida às sortes de alguns filhos dos presentes e de alguns ausentes, eles até estavam à espera da camioneta que havia de trazer os mancebos de volta.

Em dada altura, passou no sentido do cemitério o jipe da Guarda Nacional Republicana, que de republicana nada tinha, uns infelizes que para fugirem ao trabalho do campo tinham vendido a alma ao diabo, ganhando uma miséria, deslocados para longe de casa alimentando-se de pão e enchidos, desenvolvendo cancro no estômago devido a esse disparate alimentício. O Joaquim, um dos presente, disse entre dentes, filhos da puta!
Passados que foram quinze minutos o jipe voltou, parou junto do pequeno ajuntamento, os militares saltaram para fora com as ultrapassadas espingardas, sim, iguais às que assassinaram Catarina Eufémia que tinha um filho ao colo e outro no ventre. O mais graduado fazendo cara de mau e voz grossa, disse. Júlio Freire e Joaquim Minderico, estão presos, entrem no jipe. E lá foram conforme estavam, o padeiro embora estando à sua porta não pôde mudar de roupa, foi obrigado a levar o casaco roto que usava na pesca. Ficaram os familiares em grande sofrimento e cheios de pânico.
Que se passava? Salazar, quis tirar de circulação todos os democráticos deste país, por isso a cena repetiu-se por todo o Portugal. Com esta prepotência atingiu dois objectivos, menos votos para a oposição e amedrontar os restantes. As prisões foram tantas que os PIDES e os bufos não chegaram para as encomendas, foi preciso a Guarda Nacional República e a Legião Portuguesa actuarem em força também!
Os dois companheiros de infortúnio foram levados para o posto da GNR na capital do distrito e sem quaisquer condições lá permaneceram até segunda-feira. Má cama, má comida, mau trato, a sorte (ironia) foi ser Maio, o tempo estava quente! Nesse dia um PIDE veio levantar os homens e de comboio seguiram para Lisboa, destino o Aljube. Alguém da terra os viu na estação e pensou que o destino era a aldeia de ambos, a notícia correu célere, as famílias ficaram ricas de esperança, mas era boato, o regresso aconteceu só passados noventa dias.
Júlio Freire e Joaquim de alcunha Canca, eram na verdade dois democratas de esquerda, um mais radical que o outro, mas homens honrados. O primeiro era mais pacífico no trato, mais tímido, o segundo não, era um revolucionário ardente sempre reagindo, por isso iria levar umas porradas enquanto esteve na prisão. Os dois homens sempre pensaram que após as eleições seriam soltos mas não, a viagem para a capital foi um choque para eles.

Nesta saga aconteceram algumas histórias dramáticas, mas também aconteceram algumas com graça no meio da desgraça! Vou contar uma que tem espírito.

Ao chegar ao Aljube, separaram o Freire do companheiro, começando a dança do terror. Edifício de pedra muito velho, portas de ferro pesadonas e rangedoras, lembravam os sons das prisões da Inquisição, escuridão e humidade. Tudo para atrofiar o mais valente. Por fim, lá instalaram o pobre padeiro na cela com pouca luz e com dois catres. Nessa altura, o Júlio Freire já perdera a força anímica entrando em depressão, perdeu a resistência e a esperança, sentado na enxerga começou a chorar convulsivamente! Com o sofrimento não reparou que ao fundo já lá estava outro preso. Foi então que ouviu uma voz triste com acentuado sotaque alentejano. Olhou, na outra cama um homem lia um papel.
 -  Senhor Júlio não desanime porque hão-de vir melhores dias, pense na sua família, pense na sua filha que ainda precisa de si!
 - Homem, você é bruxo ou foi posto aqui para me espiar?  -  Assim inquiriu o Freire.
 - O senhor não se aborreça porque isto foi a uma carta que eu escrevi a mim mesmo.
 - Então como é que o senhor sabe que me chamo Júlio, e tenho uma filha?  -  Voltou o padeiro a argumentar.
 - Mas meu senhor, chamo-me Júlio e tenho uma filha! Fui eu que escrevi esta carta que estou a ler para me animar!
Os dois homens, olharam um para o outro, primeiro com desconfiança, depois riram com satisfação aliviando por algum tempo a pressão da cadeia."


José Bray -22/10/2010



Nota - Texto retirado  DAQUI  






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12 junho 2011

Moedas Romanas I !








Moeda romana do século IV  encontrada na zona geográfica do Pombalinho.


Descrição da moeda:



Anverso - DN GRATIANUS  PF AVG ;  Sendo que, DN - Dominus Noster, (Nosso Senhor); PF - Pius Felix (Piedoso e Feliz) e AVG - Augustus (Augusto).


Reverso - REPARATIO REIPUB - figura do imperador de pé estendendo a mão a uma figura feminina ajoelhada a seus pés e que é Roma.


Flávio Graciano Augusto (Flavius Gratianus Augustus, em latim; Sirmium, 18 de abril ou 23 de maio de 359—25 de agosto de 383) foi um Imperador Romano do Ocidente de 375 a 383.

Era filho do imperador Valentiniano I e a primeira esposa deste, Marina Severa, nasceu na cidade de Sirmium (a atual Sremska Mitrovica, Sérvia), na então província romana da Panônia.

A 4 de agosto de 367, foi proclamado augusto pelo seu pai. À morte de Valentiniano (17 de novembro de 375), as tropas destacadas na Panônia proclamaram imperador o seu irmão pequeno Valentiniano, que então era apenas um bebê. Valentiniano era meio-irmão de Graciano, nascido de Justina, viúva de Magnéncio e segunda esposa de Valentiniano.  Para texto completo clique  AQUI 



Nota - A reprodução, assim como a  descrição desta moeda foram  gentilmente cedidas por José Braz Barrão. 




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