25 julho 2008

Mascarilhada em 1900!






No verso desta fotografia está escrito “Uma mascarilhada da Azinhaga”! Supõe-se  ter sido realizada em 26 Fevereiro de 1900. Segundo opinião emitida por Joaquim Mateiro e confirmada depois de uma atenta visualização a este registo que Fernando F Barreiros nos enviou, trata-se de figurantes talvez naturais da nossa vizinha Azinhaga,  mas o local do desfile é efectivamente no Pombalinho!

 Mas vamos ao texto que nos enviou o Joaquim a propósito desta “mascarilhada”: "... nesta manifestação o que vejo na foto que seja da Azinhaga, talvez os figurantes mascarados em cima de cavalos e os burros com cornos? Talvez a isso se chamasse mascarilhada nessa época!? De resto tudo o mais é Pombalinho, a fotografia foi tirada na rua da Igreja, rua de Cima e hoje rua Barão de Almeirim, o edifício que está junto da minha actual casa é o mesmo da época de 1900, as pessoas que estão à janela no 1º andar são familiares do nosso amigo Fernando Furtado Barreiros, porque o seu primo António José Barreiros que ali nasceu, contou-me esse facto num dia de convívio que com ele tive quando iniciei a minha actividade de autarca e ele exercia o cargo de Presidente da Junta de Freguesia de Marvila - Santarém no período de 1990 até 1993. Viveu muitos anos em Angola onde desempenhou a profissão de Engenheiro Agrícola e faleceu o ano passado em Santarém. Mas voltando à fotografia, o edifício mais alto com porta central e vestígios de um qualquer brasão por cima desta, é a adega que pertenceu à família Canavarro e mais ao fundo avista-se as ruínas do palácio do Sr. Barão de Almeirim que foi destruído por um incêndio na noite de 09 de Dezembro de 1870! Só começou a ser reconstruído alguns anos depois de 1900. Do palácio antigo pouco ou nada corresponde ao edifício primário que hoje existe, embora bonito é apenas um prédio antigo!"


Colaboração fotográfica - Fernando Furtado Barreiros

Colaboração texto - Joaquim M Barreiros Mateiro






21 julho 2008

Trabalho na eira em 1911!






Na descoberta e divulgação de verdadeiros tesouros sobre a vida colectiva do Pombalinho temos hoje o grato prazer e por gentileza novamente de Fernando Furtado Barreiros, de apreciarmos mais uma fotografia única sobre a nossa terra! É um registo da mesma eira que anteriormente publicamos mas valorizada pelo facto de captar em segundo plano, o casario onde hoje ainda se situa a antiga Escola Primária, a casa onde viveu Manuel Coimbra Barbosa e as actuais instalações da Junta Freguesia.

No verso da mesma e por indicação prestável do nosso amigo Fernando F Barreiros está inscrita a legenda: Eira de Júlio Barreiros em plena actividade (trigo) – Pombalinho 1911 , fazendo logo de seguida o seguinte comentário adicional que nos enviou via mail: “Situada em frente da casa dos Arcos, visível ao fundo, residência de Júlio José Barreiros, na então chamada Rua Direita ou Rua do Campo, hoje Carolina Infante da Câmara, nº75. À esquerda o lagar e a escola. À direita a casa do Barbosa. O palheiro e a casa de Alice Câmara Barreiros, existentes entre a casa dos arcos e a casa do Barbosa , não são visíveis. Na casa de Alice Câmara Barreiros vivia o Manuel Melão (feitor de Júlio Barreiros). Posteriormente ocupada por Júlio Câmara Barreiros quando se casou e onde nasceu a primeira filha do casal, Alice Furtado Barreiros.”

A Casa dos Arcos, a que se refere Fernando F Barreiros, suscita do Joaquim Mateiro também o comentário de que “ só foi sede da Junta de Freguesia em 26 de Setembro de 1977 quando foi doado o edifício pelo senhor Manuel João Barbosa e sua esposa Dona Maria Manuela Coimbra Barbosa durante a presidência de Francisco Brás Barrão Júnior”, não deixando de realçar ainda sobre a fotografia “ ...estou atento a todos o s pormenores como sempre, vejo as máquinas, as pessoas, o monte e os sacos de trigo, as forquilhas e as pás, o carro de bois com um grande barril de água para alimentar a máquina a vapor, o edifício da antiga Escola Primária, a casa dos Arcos como lhe chama o nosso Amigo Fernando Barreiros, onde residia o seu avô....”


Enfim, mais um importante documento que orgulhosamente publicamos nesta bonita caminhada histórica sobre a nossa terra!


            Colaboração Fernando F Barreiros e Joaquim B Mateiro,







17 julho 2008

Trabalho na eira!





Esta fotografia transporta-nos para tempos em que as eiras ainda eram locais imprescindíveis a uma das fases importantes do longo processo de cultivo do milho por terras do Pombalinho. Foi registada numa que então existiu há muitos anos em frente ao edifício onde hoje está instalada a Junta Freguesia e mostra-nos a sequência das várias etapas pelas quais o milho passava depois de apanhado nas searas .

As maçarocas amontoadas eram normalmente descamisadas pelas mulheres já que outras incumbências estavam destinadas aos homens, sendo essa tarefa executada criteriosamente de modo a que as melhores camisas (as mais macias e brancas que estavam junto à maçaroca) fossem separadas das restantes de forma serem aproveitadas e utilizadas no enchimento dos colchões. Depois ficava a maçaroca já limpa como se pode verificar num monte situado entre as duas mulheres da fotografia e finalmente surgia um outro de carolos (nome dado à maçaroca depois de debulhada), indiciando que por ali o milho já estava muito próximo do seu armazenamento.

Também muito curiosa é a presença de uma máquina enfardadeira accionada por um gerador a vapor, que servia como o próprio nome indica para fazer fardos, sendo neste caso fabricados a partir das camisas de menor qualidade e com eles proporcionar alimento aos animais durante o inverno. A posar para o fotógrafo está Júlio José Barreiros, proprietário desta eira e avô de Fernando Furtado Barreiros!


Colaboração fotográfica - Fernando Furtado Barreiros 






12 julho 2008

Uma questão de ética!!!!




Por gentileza de Fernando Furtado Barreiros, chegou-nos  uma carta escrita por seu avô, Júlio José Barreiros,  na qualidade de Presidente da Paróquia do Pombalinho e dirigida ao Administrador do Concelho de Santarém no ano de 1911.





     Exm°. Cidadão Administrador do Concelho de Santarém


Devo informar V. Ex3 que a Junta de Parochia do Pombalinho não pode continuar a exercer o seu lugar por estar ilegalmente constituída.
Júlio José Barreiros, Manuel José Barreiros, Manuel Cypriano Barreiros e Augusto Rodrigues Cotta têm entre si parentescos em grau que lhe fica proibido pelo Art. 10°. do Código Administrativo em vigor o administrar juntos em qualquer corporação. No mesmo caso se encontram Júlio da Silva Freire com Manuel José Rodrigues. Em face das lei deveriam ser preferidos para exercer os logares desta corporação os Cidadãos Manuel Cypriano Barreiros, Augusto Rodrigues Cotta e Manuel José Rodrigues, todos doentes e com motivo para escusa (Ar°. 8, N°. 2 do mesmo código) e mais Manoel Ignácio da Silva, Manuel Martinho Gameiro e António Albano da Silva Nunes substitutos, mas os únicos aptos (perante a lei) para dentro da actual Junta exercerem o seu mandato.
Por tudo o que informo V. Exa. e mais ainda porque moralmente não posso admitir que estando há tanto tempo n'este lugar, embora tenha trabalhado quanto me tem sido possível para adquirir para a minha administrada o que de justiça lhe pertence, nada tenha conseguido, venho mui respeitosamente pedir a V. Exª. que se digne fazer chegar às mãos do Ex°. Snr. Governador Civil do Distrito de Santarém o requerimento junto. Pombalinho, 25 de Janeiro de 1911.

O Presidente da Junta de Parochia do Pombalinho Júlio José Barreiros




03 julho 2008

Pombalinho em 1900!!!






É uma fotografia de rara beleza e de enorme significado histórico, esta a que vos apresento hoje aqui no “Pombalinho”. Foi-me gentilmente enviada pelo Joaquim Mateiro que por sua vez a recebeu via mail de Fernando Furtado Barreiros, bisneto de Hilário José Barreiros e neto de Júlio Barreiros.

É um daqueles registos que  provocando uma contemplação que ultrapassa um simples reparo de circunstância, transportando-nos  para a curiosidade de saber o que se teria ali passado bem frente à nossa Igreja Matriz que justificasse tão grande ajuntamento de Pombalinhenses! O ano da fotografia é de 1900 segundo informação de Fernando F Barreiros e nesses tempos, fazendo fé nalguns escritos existentes, eram frequentes as cheias do Tejo alagarem interiormente a Igreja, o que nos leva a colocar como forte possibilidade nesta imagem, se ela não terá a ver com a reparação do chão circundante após o rescaldo de uma dessas inundações! Pelo amontoado de pedras, possivelmente, arrancadas pela força das águas, também pelo desnivelamento do chão e finalmente pela presença de um "cilindro" em pedra para alisamento do mesmo (eventualmente puxado por tracção animal), leva-nos a concluir que assim tivesse sido!

 Um outro aspecto é o ajuntamento de tanta gente no largo da Igreja! Relacionando pequenos pormenores visíveis na fotografia dos quais destacamos as roupas vestidas e a presença de alguns homens com chapéu de aba larga (próprio de alguém socialmente superior em relação aos demais), podemos sugerir que aquele encontro se tenha passado num daqueles domingos em que a "praça" marcava o destino de muitos trabalhadores seleccionados para a semana de trabalho que se avizinhava.

 Mas apesar desta fotografia suscitar outras interpretações, é na verdade muito bela! Até parece uma fotomontagem em que a Igreja Paroquial, em nada diferente quando comparada aos tempos de hoje, ali foi brilhantemente colocada na imagem desse longínquo dia 26 de Fevereiro do ano de 1900!


Colaboração Fotográfica_Fernando Furtado Barreiros