27 outubro 2009

Touradas no Pombalinho!






Ao que consta, D. Miguel foi o único soberano português que marcou presença em terras do Pombalinho numa visita que fez em 29 de Janeiro de 1824. Existem notícias de jornais que relatam pormenorizadamente o acontecimento dessa sua passagem pela nossa terra. De facto e segundo as crónicas, D. Miguel num acto de muita valentia, pegou um touro que perigosamente se preparava para atingir o cavaleiro Cambaça, durante uma tourada nocturna realizada no Pátio do Neto que o próprio promoveu!

Do Pombalinho seguiria mais tarde para Alpiarça onde patrocinou outra largada de touros em pleno ambiente de luta entre absolutistas e liberais. Da sua personalidade e da influência que acabou por transmitir ao espectáculo da lide dos touros, pouco se sabe! Por isso, para nós Pombalinhenses, faz algum sentido conhecermos esta faceta do rei D. Miguel, por via deste excelente texto escrito no blogue "desafiodealmeirim". Pode ler-se, então, a "páginas tantas" que :


"...D. Miguel tem um papel determinante na restauração das corridas de toiros em Portugal e também como iniciador de uma nova forma de seleccionar e criar toiros bravos. É a ele que se deve toda a moderna evolução tauromáquica nacional, que nos distingue de Espanha e que origina o mais popular dos espectáculos nacionais até meados do século XX...."

Para texto integral, clique aqui 








O Pombalinho, a exemplo de outras localidades situadas geográficamente no centro do Ribatejo, sofreu as inevitáveis influências da festa brava! Criadores do denominado gado bravo, fizeram da lezíria um dos seus polos de apuramento e desenvolvimento da raça com características especiais para o toureio. No Pombalinho, por ocasião dos festejos do seu santo padroeiro, constavam nos respectivos programas os tradicionias "festivais taurinos", aos quais a população pombalinhense aderia com níveis de participação, segundo relatos da época, muito significativos. Ainda não há muitos anos, a realização das vulgarmente chamadas picarias , tinham lugar com alguma regularidade no Pombalinho. 

Um dos locais frequentemente escolhidos era a rua Carolina Infante da Câmara, como documenta esta fotografia referente à festa anual realizada no Pombalinho no dia 3 de Agosto de 1942. O acontecimento teve lugar pelas 18 horas e foi assim deste modo, publicitado no respectivo prospecto : "Imponente festa tauromáquica. Serão largadas para divertimento público 4 bravíssimas e corpulentas vacas, generosamente cedidas pelo afamado ganadero Sr. Marquês de Rio Maior."
Hoje a realidade é outra! As consciências ditam outros caminhos! E este que era considerado dos espéctaculos com maior projecção a nível nacional, tende a ficar inelutávelmente ligado para sempre às páginas da história!


Foto rei D. Miguel - Google

Foto rua Carolina Infante da Câmara - gentilmente cedida por António Carlos Menezes 







19 outubro 2009

A vindima e o vinho!


A vindima de outros tempos mobilizava homens e mulheres que especialmente constituídos em ranchos executavam este trabalho, de caraterísticas sazonal, normalmente no fim das colheitas de Verão. No Pombalinho existiam vinhas que se diferenciavam  basicamente pela sua extensão. As de maior dimensão que pertenciam às casas agrícolas e as de tipo familiar. Nestas, naturalmente produções menores, as vindimas eram feitas pelas pessoas mais chegadas aos donos (normalmente familiares e pessoas amigas) e a simples participação destes na vindima traduzia-se em gestos considerados de "boa vizinhança", propiciando um clima de grande cordialidade entre todos os intervenientes.





Deste registo fotográfico, cedido gentilmente por Ema Minderico, recordamos uma dessas vindimas realizada num local denominado por Urtigas, no ano de 1954. Reconhecem-se o António Simões a receber o cesto de uvas levado por Adelina Amialeira, Adelina Presume e sua irmã (de chapéu de sol), Luís Balas do Reguengo do Alviela e o jovem Rogério Tereso.






A vindima não se podia considerar, em comparação com outros trabalhos agrícolas, uma actividade pesada e árdua, mas exigia comprovadamente de todos uma grande aplicação e por vezes alguma destreza no desempenho de algumas tarefas inerentes ao trabalho que a envolvia. Esta foto, gentilmente cedida por Pedro Menezes, exemplifica bem esses atributos que os trabalhadores tinham necessáriamente de exibir! Das dornas, homens com cestos às costas transportam as uvas para o lagar a fim de serem pisadas e o respectivo mosto obtido, transformado mais tarde em vinho.












Como noutras áreas agrícolas, também a vindima sofreu ao longo dos últimos anos, naturais e significativos desenvolvimentos. Fruto dos tempos, a implementação de novos utensílios e a modernização dos meios de transporte tornaram-se imprescindíveis para a qualificação da mão de obra e na criação de outros dinamismos mais adequados a padrões de qualidade que a actividade exigia.

Exemplo disso foram as tradicionais cestas e cestos de verga, utilizados durante largos anos, que deram lugar a outros fabricados em chapa zincada e mais recentemente em plástico, esse material que veio revolucionar por completo toda a economia e neste particular a agricultura








Na própria concepção da vinha, também ela sofreu uma forte mudança. O crescimento e o desenvolvimento das cepas deixaram de ser desordenados. As novas vinhas foram estruturadas com cepas devidamente aramadas e alinhadas entre carreiras, a uma distância suficiente para permitirem a entrada de máquinas de forma a substituir grande parte do trabalho manual pelo mecanizado!








No transporte das uvas para a adega, as tradicionais dornas transportadas em vagarosos carros de bois, “passaram à memória” pelo aparecimento das tinas metálicas. A construção destes novos recipientes foi optimizada às dimensões dos reboques e preparados para serem accionados na adega por mono rail suspenso, de forma a serem descarregados no lagar de uma forma rápida e sem grande recurso ao esforço humano!











Hoje, praticamente em todas as adegas já se utilizam novas tecnologias para o fabrico do vinho. Longe vão os tempos das demoradas "pisas" de calças arregaçadas, à volta de um saudoso convívio que este trabalho em grupo sempre propiciava!



16 outubro 2009

António Rufino em 1948!







António Rufino acompanhado por Francisco Sacola, Isidoro Narciso, António Maria, António Leal e António Costa, num espéctaculo de danças realizado em 1948.


António Rufino tem marcado presença neste espaço sempre que temos escrito sobre ranchos folclóricos ou  música tradicional ! A história do Pombalinho é fértil em acontecimentos de natureza musical e o acordeonista era figura central nas actuações dos diversos agrupamentos de folclore + folclore que abrilhantavam as festas então realizadas, ou em prestações individuais, como nas bateiras  e bailes .
O Rufino, como nós carinhosamente o tratamos, "passeou" brilhantemente o seu acordeão ao longo de muitos anos e por várias gerações! Actuando em bailes de Carnaval, Páscoa, Santos Populares, e outros, a ele todos lhe devemos momentos inesquecíveis que decerto contribuíram para uma juventude harmoniosamente melhor vivida !



Foto gentilmente cedida por António Leal
Colaboração de Bruno Cruz 





13 outubro 2009

Matiné dançante em 1964!





Já aqui falamos dela...! Estamos naturalmente a referirmo-nos a uma matiné dançante que se realizou no saudoso café do Chico Minderico no ano de 1964! Esta fotografia ilustra um dos momentos passados dessa tarde de Abril ao som do nosso conhecido e estimado acordeonista, António Rufino ! As duas meninas em grande plano, são a Milita Alcobia e a Lena Leal, mas também se reconhecem a Lena Cavaco (de costas) a dançar com o Joaquim Mateiro.
Quanto à autoria da fotografia, penso não restarem muitas dúvidas de que pertence ao nosso colaborador e amigo, Guilherme Afonso.




Foto gentilmente cedida por Lena Leal
Colaboração de Bruno Cruz





10 outubro 2009

Bateiras em 1953!







O festejo das bateiras tem atravessado várias gerações desde há muito tempo no Pombalinho, não se sabendo, com algum rigor histórico, o início desta prática a que alguns atribuem de origem religiosa. A segunda-feira de Páscoa é o dia que sucede o Domingo de Páscoa, sendo considerado feriado em numerosos países de todo o mundo. Nas Igrejas orientais e na igreja Ortodoxa, este dia é conhecido como "Segunda-feira do Brilho" ou "Segunda-feira da Renovação". Em Portugal há imensas localidades onde as pessoas comemoram este dia no campo, onde a alegria do convívio alia-se naturalmente à volta de um apetitoso e participado almoço !

No dia 06 de Abril de 1953, um grupo de mulheres Pombalinhenses acompanhadas algumas dos respectivos filhos, cumpriram a tradição e proporcionaram-nos este belíssimo registo fotográfico!
Reconhecem-se, da esquerda para a direita, Rita Leal, Ana Leal, Lourdes Teixeira, Júlia Bugalho, Maria Adelaide Leal, Constantina Valadares, Noémia Nunes, António Manuel Leal, Evangelina Barros, Maria Barreiros Cachado, Maria Alice Correia, Lucília Cordeiro e Piedade Rosário.

Para Blog temático das bateiras clicar  aqui 

Foto gentilmente cedida por Francisco Cruz
Colaboração de Bruno Cruz





07 outubro 2009

Inspecção Militar ano de 1954!





A inspecção militar, também popularmente conhecida por "ida às sortes", era  um dia memorável para todos aqueles que iam ser  submetidos a esse exame médico/psiquiátrico na respectiva Direcção Regional Militar.

Nessa data, tão especial para os jovens por terem atingido  a maioridade, haviam práticas tradicionais que eram exercidas com uma vontade de as preservar ao longo dos tempos. Lembro-me particularmente do transporte feito em carroça dos mancebos até Santarém, cidade onde estava sediada a DRM! Depois também do lançamento de foguetes, que era feito em ambiente de grande alegria com a chegada  ao Pombalinho de todo o grupo! Para terminar, havia há noite o tradicional bailarico em que os inspeccionados eram as grandes vedetas da festa! Exibiam orgulhosamente as fitinhas vermelhas, sinónimo de aprovados para todo o serviço militar!

 Mas tudo isso foi perdendo aceitação entre as novas gerações. Em tempos mais recentes, a inspecção foi perdendo um pouco  da forte carga emocional que adquiriu a partir do inicio da década sessenta do século passado ! A ida para a tropa e a forte possibilidade dos jovens serem enviados para antigas provincías ultramarinas, dramatizava, sem dúvida, toda a envolvência da  ida "às sortes" !

Bem, mas vamos então recordar esta belissíma fotografia da inspecção militar de jovens do Pombalinho, referente ao ano de 1954! Na primeira fila e da esquerda para a direita, "Catita", António Marcano, Manuel Martins Feijão (N-03-06-1934), António Piedade Costa (N-15-03-1934), Arsénio Teixeira Anastácio (N-08-02-1934) e Manuel Maria Fonseca (N-19-07-1934). Na fila segunda fila e pela mesma ordem, Manuel Maria Anacleto (N-10-10-1934), Francisco Conceição Cruz (N-20-01-1934), Reginaldo Martinho Fonseca (N-06-08-1935) e Júlio Bento.


Fotografia gentilmente cedida por Francisco Cruz
Colaboração de Bruno Cruz




02 outubro 2009

Enxoval





" Enxoval é um conjunto de objectos para uso doméstico ou pessoal (roupa, louça, etc.) que as futuras noivas ou noivos, ou suas mães ou avós, vão reunindo para as filhas ou netas usarem após o casamento. Inclui lençóis, fronhas, ceroulas, cobertores, louça, copos, talheres, etc."É (era) uma tradição muito comum e praticada em muitas famílias das mais diversas classes sociais!Mas eram as de menos posses, as que tinham de recorrer a métodos pouco onerosos para a família no que diz respeito à preparação do enxoval! A aprendizagem era um desses recursos na confecção de algumas dessas peças de roupa. As moças normalmente eram integradas em grupos, onde marcavam presença mulheres mais experientes neste tipo de actividade artesanal e normalmente já casadas. E as mais novas lá iam aprendendo a fazer rendas, bordados, etc...

No "Pombalinho" foi-nos proporcionada a publicação de um grupo dessas mulheres que exemplificam bem o espírito que existia nessa tradição, porventura já quase inexistente nos dias de hoje! São elas, da esquerda para a direita, Ana Leal, Ema Minderico, Irene Minderico Cavaco, Maria Adelaide Leal, Maria Adelaide Minderico, Carolina Correia, Evangelina Barros e Maria Júlia Minderico. A fotografia foi tirada numa tarde de Domingo do ano de 1958 na rua Hilário José Barreiros, mais conhecida pela rua das Flores.




Foto gentilmente cedida por Evangelina Barros
Colaboração de Joaquim Mateiro