25 novembro 2019

A "minha" Aldeia do Pombalinho!






A TROCA DE VIDA DA GRANDE CIDADE PELA ALDEIA, FOI UM SONHO ANTIGO QUE SE TORNOU REALIDADE.
Foi num outono, a época do ano escolhida para trocar a azáfama da grande cidade pela calma e sossego da aldeia do Pombalinho, situada em pleno coração do Ribatejo. A recuperação física, a tranquilidade da mente e a luta por uma melhor qualidade de vida, conferiram em muito as razões para a mudança. Mas não só. Não me custa reconhecer que o pensamento era antigo. Ao longo dos anos, quando me ausentava da capital em momentos mais frenéticos, saltava ao meu pensamento a vida na aldeia. As suas gentes, os seus usos e costumes, os verdejantes campos, o silêncio diurno e nocturno, o acordar com o chilrear da passarada, o cantar dos galos e o calor da lareira em dias de inverno, tudo me fazia sentir saudades em crescendo e com a enorme vontade de nela viver. E assim de facto acabou por acontecer.

TUDO TEM UM INÍCIO

Corria o ano de 1962. Era verão. No Calhariz de Benfica, em Lisboa, na casa daquele que viria a ser meu sogro, sentado na sala reservada às refeições, era chegada a hora do almoço para o qual eu tinha sido convidado. À mesa, a minha conversada Maria Emília, D. Adelaide sua mãe e o chefe de família, o Sr. José Luís. Quando a comida já fumegava na mesa, o chefe de família, olhando para mim, diz-me em tom quase paternal:
…Já namoras com a minha filha há cerca de dois anos. Eu e a minha mulher temos vindo a pensar que chegou o momento de te dar a conhecer e apresentar à restante família no Pombalinho. É a terra onde nascemos, crescemos e constituímos família. Se bem que a Maria Emília tenha nascido numa quinta vizinha, em Mato do Miranda. E acrescentando sem rebuço:
…Mas ficas desde já avisado, para evitar os falatórios, não quero que andes de braços-dados, ou com braço por cima dos ombros da rapariga, quanto muito de mãos dadas. A chamada de atenção tinha a ver com a postura perante as gentes da aldeia. Humildes é certo, educadas e trabalhadoras, mas à época, não era difícil de se verem criticas aos os usos e costumes dos adolescentes das grandes cidades.

A VIAGEM
O momento destinado à apresentação da família (a data não posso precisar) foi num fim-de- semana, no verão desse ano. Na manhã de sábado, a partida do comboio da estação de Braço de Prata, em Lisboa, foi bem cedo. Acomodado, meu olhar perdia-se na paisagem que o caminho mostrava. O encanto do rio Tejo acima, terras ali-e-aqui cultivadas, os pregões das vendedoras em apoio aos passageiros em algumas das estações, tudo me extasiava. As duas horas do percurso foram feitas num ápice. Apeados na estação de Virtudes/Mato Miranda, suportando as malas e demais bagagem, fizemo-nos estrada fora, ladeada a maior parte por plantações de milho, trigo e extensos olivais. O Pombalinho estava a três quilómetros.

OS “VIVAS” À MINHA ESPERA
Na recepção, o viúvo, o Sr. Jerónimo, a Sr.ª Emília Serra e o Sr. Manuel Calado, seu marido, respectivamente o pai, a irmã mais velha e o cunhado do meu futuro sogro. Sorridentes estendem-me as suas mãos calejadas para me cumprimentarem. O convidado é alvo de regozijo de todos. Mas o momento mais alto estava para chegar. Era habitual os “cafés” e as tabernas serem frequentadas pelos trabalhadores ao final da jorna. Sendo certo que aos fins-de-semana, a azáfama era maior, o vinho jorrava com mais abundância, as conversas sucediam-se, o fado à capela estava sempre presente:                                             
       
Num desses estabelecimentos, perto do largo da igreja, já no final da tarde, na presença de outros familiares da Maria Emília, sobretudo primos, o seu tio Manuel Calado, entusiasmado, não deixava que o meu copo ficasse vazio de vinho branco, a tal ponto que só terminei de beber e de dar cumprimento ao “ritual”, tarde demais!
Valeu-me o Emídio Narciso, marido de uma prima da Maria Emília, a Natália Narciso que, se deu trabalho de me segurar e amparar até casa no “porta bagagens” da sua bicicleta, Aqui, o Manuel Calado, sorrindo, depois de mais um ou dois “fados”, insistiu na ajuda na lavagem dos meus pés, no grande tanque existente no quintal. A cama estava por perto. No dia seguinte, domingo, dia do retorno para Lisboa, sentia algum mal-estar por via das náuseas, da dor de cabeça, e das tonturas que teimavam em não parar. Tal não foi a ressaca! Contudo deu para verificar quanto satisfeitos estavam todos por me ter conhecido! Ao contrário, o José Luís, pai da Maria Emília, ficou fulo quando constatou o novo tom da recente pintura no corredor da casa por via do “néctar vomitado”, afirmando:
…Da próxima vez que vieres ao Pombalinho, não te esqueças de trazer do teu emprego a tinta "Robbialac" necessária para pintares o corredor.
O casamento com a Maria Emília Santos Luís Pica Sinos realizou-se nesta aldeia do Ponbalinho em 4 de Maio de 1969.


Pombalinho, 21 de Novembro de 2019



15 julho 2019

Ezequiel Andrade Leal



O tempo contribui, inevitavelmente, para que as memórias fiquem cada vez mais distantes e silenciosas! Há mesmo até quem as defina como janelas temáticas que são criadas para nos recordarmos posteriormente de algo que nos aconteceu. Só que em muitos casos, quando solicitadas para o efeito, muitas delas já estão… completamente fechadas! Resta-nos, nestas circunstâncias, os registos fotográficos ou documentais, que fomos guardando e que no presente têm um valor de enorme significado testemunhal de acontecimentos que de certa forma acabaram por ser marcantes no percurso das nossas vidas.

Pode ser o caso, ou não, a propósito destes valiosos registos do nosso conterrâneo e amigo, Ezequiel Andrade Leal ! Fica no entanto o nosso orgulho, que é o de poder partilhar ilustrações da sua passagem como militar em Angola. A primeira das três é o Bilhete de Identidade referente à sua incorporação militar  no Regimento de Artilharia AntiAérea Fixa, em 1 de Julho de 1959. A segunda é uma fotografia (Ezequiel é o condutor do veículo) de  um desfile de tropas em Luanda,  no dia 1 de Novembro de 1961 , vindas da Metrópole a bordo do paquete Vera Cruz. E a terceira e última,  um documento do então Rádio Clube Português, a informar a família do Ezequiel Leal sobre uma sua mensagem radiofónica, que iria  ser transmitida em 2 de Setembro de 1961.
















Colaboração – Bruno Cruz e Ezequiel Andrade Leal.





20 maio 2019

Manuel Duarte Vieira





Manuel Duarte Vieira, filho de Augusto Justino e de Virgínia Duarte, nasceu a 20-Mai-1929.
Contraiu matrimónio com Gracinda Maria Duarte, do qual resultou o nascimento de três filhos: António Manuel Duarte Vieira, Perpétua Duarte Vieira  e Maria Albertina Duarte Vieira.
Faleceu a 29-Jul-1989.



Colaboração de texto e foto – António Manuel Vieira





06 março 2019

Noémia Pedroso Barreiros









De Fernando Furtado Barreiros recebemos a seguinte comunicação que passamos a transcrever:



Caro Manuel Gomes

Espero que esteja de boa saúde e disposição.
Hoje contacto-o para comunicar que 

faleceu no passado dia 21 de Fevereiro, com quase 100 anos, faleceu a minha tia Noémia, na sua casa de Lisboa, vitima de doença prolongada.
Nasceu a 29 de Maio de 1919, no Pombalinho. Era filha de Júlio José Barreiros, farmacêutico e de Aurora Machado Pedroso, professora do ensino primário que durante alguns anos aqui exerceu na escola local.
Noémia completou a Instrução Primária no Pombalinho, passando a deslocar-se diariamente a Santarém para frequentar o Curso dos Liceus, até concluir o 5º. ano. Continuou os seus estudos em Lisboa onde concluiu o 7º. ano e fez o Exame de Estado de professora do ensino primário, iniciando uma carreira que a levou a inúmeras povoações dos distritos de Lisboa, Setúbal e Évora.

Um abraço do

Fernando Barreiros




O Pombalinho endereça as mais sentidas condolências a Fernando F Barreiros.








07 fevereiro 2019

História do Toureio em Portugal




Na história do Pombalinho não faltam referências a acontecimentos tauromáquicos que ao longo dos tempos se foram realizando, umas vezes em cumprimento de programas das suas festas anuais, outras por iniciativa de grupos de aficionados da região.
Uma das touradas que ficou célebre no Pombalinho, e por isso mesmo relembrada de geração em geração, foi a realizada no Pateo do Neto em Janeiro de 1824. Teve a particularidade de ter tido entre a numerosa assistência a presença de El Rei D. Miguel. O jornal Correio do Ribatejo na sua edição de 17 de Dezembro de 1966, referindo-se a este acontecimento num interessante texto da autoria de V.A., enaltece a coragem do monarca que num acto de rara valentia salvou de eminente colhida, de um touro enraivecido, um cavaleiro que se havia precipitado na lide e caído da sua montada.
Neste tradicional ambiente vivido à volta da festa brava no Pombalinho, não quiz o autor do livro " História do toureio em Portugal", edição de 1907, ter deixado de se referir a esta terra ribatejana depois de apurado trabalho de selecção sobre o tema em publicações e livros da época.