25 junho 2008

Rancho da Adega



Tempos houve em que durante largos meses do ano uma considerável parte da população activa do Pombalinho, trabalhava exclusivamente no amanho das vinhas e no seu acompanhamento até à produção do tão famoso néctar extraído das cepas que proliferavam em enormes extensões pelos campos da nossa terra. Quase todas as casas agrícolas faziam depender da produção do vinho uma das suas grandes fontes de receitas e a paisagem agrícola dessas imensas áreas de vinhedos que então existiam, era substancialmente mais equilibrada quando comparada com a de hoje! As searas de produção maciça do milho vieram agravar a questão da monocultura e deixam-nos a níveis de observância tão baixos que o prazer de podermos usufruir das paisagens de campos cultivados da nossa terra em certas alturas do ano, se tornou numa verdadeira miragem!

Mas enfim, o tema de hoje é adegas e na verdade muitas existiram no Pombalinho em tempos não muito distantes, contribuindo para uma vida social muito diferente e dando um movimento à nossa terra que só de lembrarmos as quantas vezes que sorrateiramente fintávamos o boieiro para tirarmos um belo cacho de uvas das dornas que seguiam no carro pachorrentamente em direcção ao lagar, nos arrepia a alma! Existiram a funcionar em pleno, as adegas das famílias Menezes e Canavarro ali na rua Joaquim Piedade da Silva, uma outra na Rua de Santo António, outra mais recente no cruzamento da Rua 5 de Outubro com a Rua António Eugénio de Menezes, a Adega Nova na Estrada Real ( assim chamada por ser de construção recente em relação às então existentes) e outras mais de reduzidas dimensões quando comparadas com estas mas onde igualmente se fazia vinho em quantidade que superava largamente as necessidades familiares.

Estas fotografias que escolhi para ilustrar esses tempos vividos ainda bem longe da mecanização que hoje predomina nos campos agrícolas, foram gentilmente cedidas pelo Guilherme Afonso em 25 de Maio de 2007 com opinião um pouco crítica quanto à insuficiente qualidade das mesmas! Pois bem, elas aqui estão..., independentemente de terem ou não a qualidade desejada, o que importa mesmo é que se fale da nossa terra e das suas histórias, fazendo jus à ideia de que “nenhum futuro se constrói sem memórias!” Nós tentaremos seguir por aí!





Esta fotografia foi registada por Guilherme Afonso na Adega Nova em 3 de Outubro de 1949. De entre outros, reconhecem-se A. Vieira, João Cunha, Alfredo Girão (encarregado dos Meiras), Júlio Lopes, Júlio Cleto, Joaquim Inácio, Joaquim Abadeço, José Sobreiro, Manuel Pombo, Manuel Mira, Francisco Gaião, Ricardo Maria, Artur Maria, Joaquim Anastácio, Joaquim Ludovina e José Justino.


 





 

Fotografia também tirada em 03 de Outubro de 1949. Da esquerda para a direita, Manuel Pombo, Guilherme Afonso e José Sobreiro.