A Estalagem do Pocinho, situada na antiga Estrada
Real que passa no Pombalinho, foi um dos lugares estrategicos mais utilizados
por quem se deslocava entre Lisboa e Coimbra, nos dois sentidos. Naturalmente
por esse facto, alguns acontecimentos históricos ligados à Estalagem serem
ainda do conhecimento público, apesar de pouco lembrados ou mesmo esquecidos
de eventuais enquadramentos históricos que a região merecia. Dos
mais conhecidos é de referenciar a presença das tropas invasoras
francesas de Junot e Massena que na
passagem pela Estalagem do Pocinho ali estiveram paradas para matar a sede
durante a caminhada em direcção a Santarém. Também o rei D.
Miguel , grande aficionado tauromáquico, neste lugar historico
pernoitou para assistir a touradas realizadas nesta zona ribatejana ou a
propósito das suas deslocações a Coimbra .
Vários foram os proprietários da Estalagem ao longo
dos tempos, tendo sido um deles o Barão de Almeirim que adquiriu o edifício e
respectivas zonas envolventes no ano de 1858. A este propósito, porque sabendo
do meu interesse por assuntos relacionados com o Pombalinho, fui
contactado por Henrique Ferra, penso que natural de Alcanhões e igualmente
interessado na pesquisa e estudo desta nossa vizinha terra ribatejana. Dos
mails que me enviou achei por bem a um deles recorrer, para
efeitos de publicação neste "post", porque foi a partir
de informação nele referenciado que foi possível chegarmos a documentos
importantes sobre a nossa bem conhecida Estalagem do Pocinho e assim criarmos
mais uma página da História do Pombalinho.
Caro Senhor Manuel
Gomes
Conheço o seu trabalho
sobre o Pombalinho já há alguns anos. Dou-lhe os meus parabéns.
Acontece que também fiz
umas pesquisas sobre a freguesia de Alcanhões, próxima do Pombalinho, há já
largos anos, que durante meses foi publicada no Correio do Ribatejo. Ora quando
fiz essas pesquisas, na Torre do Tombo, sempre que me apareciam elementos sobre
freguesias vizinhas de Alcanhões eu tomava nota delas. Caso por exemplo da
familia Infante da Camâra, de Vale de Figueira, e também do Pombalinho, que
aliás conheço minimamente, desde longa data.
Há pouco tempo, revendo
os meus documentos, encontrei umas referências que julgo lhe possam interessar.
São sobre os Infantes da Camâra de que fala e da antiga Estalagem do
Pocinho.
Por
julgar que possam ter algum interesse para si, tomo a liberdade de lhas enviar.
As
dos Infante da Camâra, são dos assentos paroquiais de São Vicente do Paul.
Quanto às da Estalagem, são de escrituras de tabeliães de Santarém.
Sem mais, os meus cumprimentos.
A partir destes elementos, coube
ao Bruno Cruz e ao seu reconhecido entusiasmo que sempre aplica nestas coisas
que tenham a ver com a nossa terra, propiciar a publicação de mais duas
pequenas pérolas da História do Pombalinho. Fruto de aturada pesquisa no
Arquivo Distrital de Santarém, são do conhecimento público, a partir de hoje,
duas escrituras de compra e venda da Estalagem do Pocinho dos anos
de 1858 e 1899.
Nesta primeira escritura aqui apresentada, feita em 26 de Maio de
1858, os protagonistas da transação comercial foram o Barão de
Almeirim e o Padre da Azinhaga, António Simão Nunes.
Na segunda escritura, feita em 10 de Novembro de 1899, o
comprador foi António da Conceição Madeira, natural da Fonte Santa,
São Vicente do Paúl e o vendedor foi Lino António da Silva de Lisboa.
Fonte da primeira
escritura: Arquivo Distrital de Santarém , fundo
notarial de Santarém - Livro 38 de 1858 - 1ºArquivo-tabelião - José Miguel Dias
Fonte da segunda
escritura: Arquivo Distrital
de Santarém , fundo notarial de Santarém - Livro 197 de
1899 - 4ºArquivo-tabelião - Gervásio Rosa.
Nota - O
autor deste blog agradece reconhecidamente ao Arquivo Distrital de
Santarém o serviço amavelmente prestado nesta pesquisa sobre os documentos
publicados. Um bem haja aos funcionários que nela estiveram envolvidos !
Para visualização completa dos documentos, clicar em Pombalinho
Documental