A última fotografia que
publicamos sobre alunos do ensino primário que frequentaram a nossa escola do
Pombalinho, refere-se a uma classe do ano lectivo de 1973/74. Hoje recuamos
bastante mais no tempo e exercitando com natural saudade as nossas memórias,
vamos recordar os alunos que no ano lectivo de 1947/48 constituíram as quatro
classes da intrução primária leccionadas pela professora Maria José Martins
Simões. Deste grupo de jovens está António Carlos Menezes (posicionado
imediatamente à esquerda da professora), que uma vez mais nos concedeu a honra
de publicarmos esta preciosidade histórica, mas para uma melhor identificação
dos seus colegas de escola que ficaram registados nesta feliz fotografia,
clicar por favor aqui .
31 outubro 2008
28 outubro 2008
Quinta Fernão Leite em 1940/45
A Quinta de Fernão
Leite fez parte de um conjunto de casas agrícolas que existiram durante mais de
três quartos do século vinte e pelas quais se desenvolveu grande parte da
agricultura então existente no Pombalinho. Teve como proprietários conhecidos,
o padre José Maria do Rosário e os irmãos António e José Menezes, ficando este
com a sua apropriação depois de uma separação de propriedades que geriam
familiarmente em finais dos anos 1940/45.
As fotografias que
temos o prazer de publicar, referem-se a trabalhos na eira da Quinta de Fernão
Leite e foram registadas por António de Menezes entre os anos de 1940/45. Elas
encontram-se emolduradas em casa de seu filho António Carlos Barreiros Nunes de
Menezes, que por sua amabilidade, foi-nos possível reproduzi-las em suporte
digital por intermédio do nosso amigo Joaquim Mateiro e assim incluí-las na
galeria histórica do “Pombalinho”.
O
trigo a ser carregado ainda no campo, para posteriormente ser transportado em
carros puxados por juntas de bois para a eira.
Chegada à eira, a
carrada dos molhos de trigo seriam descarregados. O boieiro que está na foto,
pensa-se ser um senhor que trabalhou para a família Menezes durante muitos anos
na condução de carros de bois. O seu nome é Pedro e era pai da nossa conterrânea
Domicília, esposa de Manuel Gregório. Mais à direita, uma autêntica inovação da
técnica para a època, uma debulhadeira mecanizada! E a desempenhar a função de
"alimentador" (pessoa encarregue de alimentar o normal funcionamento
da máquina com braçadas de trigo) está o nosso bem conhecido José Afonso, que
durante vários anos pelas eiras andou, a trabalhar na debulha do trigo ao
serviço da família Menezes.
Esta imagem consiste na
debulha prévia das favas. Os caules da leguminosa eram espalhados na eira e depois
parelhas de éguas devidamente comandadas por homens experientes, em movimentos
circulares, iriam por esmagamento, soltar a fava da vagem.
O conjunto da máquina a
vapor que fazia comandar a debulhadeira. Para esta tarefa mecanizada exigia-se
também alguma experiência e muita rotina. Homens que tinham por missão
normalizar a entrada o cereal na máquina, outros transportando em carros de mão
fabricados ainda em madeira, o trigo já debulhado e outros que não se vêm na
foto mas que tinham a responsabilidade de alimentar o depósito de àgua da
respectiva máquina a vapor, eram presenças muito importantes neste trabalho de
debulha por volta dos anos de 1940/45.
Com a ajuda de
uma junta de bois a puxar por um utensílio de madeira chamado rodo, procedia-se
ao ajuntamento dos restos da palha dos cereais misturados com alguns grãos,
desperdiçados pela acção da debulhadeira, para uma posterior limpeza e
aproveitamento final .
E aqui está essa acção
de limpeza de que atrás falamos. Homens lançando ao ar e contra a direcção do
vento, os cereais misturados com a palha. Com vento a favor , este leva a palha
e demais impurezas, deixando os grãos do cereal libertos e limpos.
Nesta foto procede-se à
medição com um alqueire, do feijão branco que se vai metendo dentro de sacos de
linhagem. Reconhecem-se de entre outros, o José Cordoeiro, Joaquim Machourro e
Pedro, o boieiro.
Finalmente, tinha
chegado a hora do carregamento dos cereais já devidamente ensacados e medidos
para cima de um carro puxado por mulas. Nesta imagem, a receber enormes sacos
transportados às costas, está o José Cordoeiro.
Colaboração nos
textos de Joaquim Mateiro
23 outubro 2008
Inspecção Militar!
A inspecção
militar representava o culminar de um ciclo de crescimento que se iniciava na
escola primária e que terminava com a aprendizagem de um ofício ou o seguimento
dos estudos de nível secundário. Tinha chegado o dia dos jovens com
dezoito anos poderem ser considerados "homens", como se dizia na
altura, e logo por uma instituição militar!
Era um orgulho para a família a chegada do seu rapaz com a fitinha vermelha
na lapela, símbolo da aprovação de todas as suas capacidades para o serviço
militar obrigatório. No Pombalinho esse dia, popularmente
conhecido por "ida às sortes" , era comemorado especialmente
de uma forma muito tradicional! Ia-se de carroça ao DRM de Santarém e
depois o resto do dia era preenchido com pequenos rituais que acabavam num
bailarico aberto a toda a população.
Com a ida dos mancebos para as antigas colónias ultramarinas no
cumprimento de um cenário de guerra criado por volta dos anos 1960/61, esse
sentimento alterou-se profundamente, causando mesmo acções de extrema
indignação perante uma situação incompreensivelmente sustentada e esfriando
naturalmente o entusiasmo que esse dia representava para os jovens do
Pombalinho e certamente de todo o país.
Nestas fotografias recordamos dois grupos de jovens pombalinhenses que
integraram anos diferentes das respectivas inspecções militares.
Nesta inspecção do ano
de 1958, podemos reconhecer da esquerda para a direita, o Gabriel Joaquim (que
era o Regedor da Freguesia e serviu também de condutor da carroça até Santarém) , o Leonardo
Bento, José Catita, Júlio Serra, Manuel Maria, Francisco Manuel Presume e
António Carlos Barreiros Nunes de Menezes.
Este grupo que
representou a inspecção do ano de 1964, foi transportado a Santarém por três
carroças conduzidas pelo Manuel da Neta,
o Sofio Félix e António Charola no dia 21 de Julho.
Era constituído por, de pé e da esquerda para a direita, Rui Mota, António
Silva Bernardino (Coradinho), António
Manuel Leal, João Serra, Joaquim Mateiro, Felizmino Costa, Manuel Minderico e
António Preto. De
joelhos e também pela mesma ordem, Manuel Catita, António Silva (Cufa), João Luís
Gandarez e o Manuel Vieira.
Fotos
gentilmente cedidas por António Carlos B N de Menezes e Joaquim M B Mateiro.
18 outubro 2008
Ainda as cheias no Pombalinho!
Durante a permanência
das cheias no Pombalinho, raramente a sua população ficou isolada
geograficamente dos seus mais próximos vizinhos. Normalmente a estrada EN 365
fica(va) interrompida ao trânsito motorizado entre a entrada sul da aldeia e a
Ponte do Alviela, ficando a salvo do alagamento provocado pelas águas a saída
norte em direcção à Azinhaga, permitindo assim que esta comunicação se
mantivesse como alternativa de percurso para Santarém e outros destinos
utilizados pelos pombalinhenses.
Do Reguengo de Alviela já a situação é bem diferente! Esta
povoação da Freguesia de S Vicente do Paúl situada numa zona agrícola
completamente plana, muito embora localizada numa área superficial de pequeno
relevo, é facilmente isolada pelas águas do Tejo e esta fotografia revela-nos
uma das frequentes acções que eram desenvolvidas pelas suas gentes em sequência
dessa rotura na vida normal dos seus habitantes, ou seja, o abastecimento
alimentar e transporte de pessoas por barcos movimentados a remos ou à vara a
partir do Pombalinho. Da data do seu registo não temos qualquer indicação mas
presume-se que seja das primeiras décadas do século vinte, atendendo à
caracterização vegetal existente na estrada EN365 e também por pertencer ao
espólio documental de Júlio Barreiros, avô de Fernando Furtado Barreiros.
Atente-se no pormenor das pedras colocadas no solo e na linha
limite do alagamento, para uma leitura mais rápida e directa da subida do nível
da cheia.
Como notas finais, o agradecimento ao Fernando Furtado Barreiros
por ter possibilitado a publicação de mais esta preciosidade e ao Joaquim
Mateiro pela colaboração na “interpretação” possível desta bela
fotografia.
15 outubro 2008
Cheias de 1940/41
As cheias sempre foram
no Pombalinho "visitas" frequentes desses longínquos
e rigorosos Invernos em que as fortes chuvadas com elevados índices
de precipitação inundavam campos e zonas habitacionais situadas em zonas mais
beixas.. Embora com alguma imprevisibilidade quanto ao tempo de permanência e
também nos níveis atingidos, (as ruas mais sacrificadas pelas "alvercadas" ,
como assim se chamavam às de menor amplitude para se distinguirem das de
efeitos devastadores ,
eram a Manuel Monteiro Barbosa e a 1º de Dezembro) as cheias constituíam uma
condição excepcional ao nível da acção fertilizante que transmitiam às terras
por elas alagadas.
Nesses tempos as culturas agrícolas que então predominavam, assim
como a própria estrutura fundiária que constituía grande parte das
áreas cultivadas, serviam de autênticas barreiras naturais ao avanço
descontrolado das águas provenientes da subida anormal do caudal do
Tejo e as pessoas preparavam-se naturalmente e sem grandes preocupações para
esta rotina calmamente assumida, quer na prevenção dos seus bens materiais e
outros passíveis de serem afectados pelas cheias, como também e porque não, na
contemplação de um espectáculo nem sempre desejado mas que a nova paisagem
surgida pelo movimento das águas sempre acabava por provocar.
E não raras são as fotografias existentes, que apaixonados
pelo simples prazer da arte, aproveitaram para registar e guardar nos baús das
suas recordações essas imagens irrepetíveis porventura nos dias de
hoje. Felizmente a este espaço, também ele de memórias, tem chegado algumas
dessas verdadeiras relíquias históricas que em muito contribuem para uma melhor
compreensão do percurso desta comunidade pombalinhense e das razões
sócio-económicas que tiveram de optar por imperativos geográficos em que o Pombalinho se
situa.
Hoje, por intermédio de Joaquim Mateiro, temos o grato prazer
de recebermos mais uma dessas contribuições na pessoa do Dr António Carlos
Barreiros Nunes Menezes , permitindo-nos assim publicar estas pequenas
pérolas fotográficas da autoria de seu pai, António de Menezes ,
referentes a uma dessas cheias que inundaram a nossa terra no ano de 1940/41.
Interessante
registo fotográfico na rua Barão de Almeirim! Apesar das águas quase a entrarem
nas habitações, a vida nesta zona do Pombalinho não parou! Mulheres
lavando a roupa frente à casa de Júlio Freire e Américo Cachado a ser
transportado de barco para a sua habitação!
Rua
António Eugénio de Menezes.
Excelente
fotografia tirada à entrada no Pombalinho pela EN 365, permitindo avaliar bem o nível
que as águas atingiram nessa cheia de 1940/41.
10 outubro 2008
Escritura da antiga Escola Primária
Sabia-se que a antiga
Escola Primária do Pombalinho, localizada na rua Carolina Infante de Câmara,
tinha sido doada por
acto de benemerência às entidades de então responsáveis pelo destino colectivo
da freguesia. Algumas dúvidas persistiam no entanto entre alguns nossos
conterrâneos sobre quem tinha praticado esse acto de tão elevada nobreza.
Igualmente sobre este assunto, algumas opiniões foram emitidas nem sempre de
forma correcta e necessáriamente isentas de um imprescindível rigor histórico,
ainda mais quanto se trata, como é manifestamente este o caso, de actos há
muito realizados e porventura carentes de comprovativos documentais.
Assim sendo e como o
assunto nos pareceu de certo modo entusiasmante resolvemos desenvolver as
diligências necessárias que nos pareceram as mais correctas neste tipo de
situações. A conselho do ex-presidente da Junta de Freguesia (Joaquim B Mateiro
que nos dizia que o documento referente à respectica escritura de doação se
encontrava talvez na Torre do Tombo) contactámos o Arquivo Distrital de Lisboa
e para nossa surpresa, ao fim de pouco mais de uma semana já tínhamos em nosso
poder uma fotocópia desse importante e histórico documento para a história do
Pombalinho.
Como se pode fácilmente
perceber, a interpretação da escrita não é de fácil leitura, daí o facto de só
agora o termos publicado, mas no essencial do que está nele manuscrito
entende-se perfeitamente o objectivo que levou João da Cunha Cardoso
Osório Ferraz e Castro de Portocarreiro, 2º Visconde de Portocarreiro a
um acto de tão elevada nobreza para a população do Pombalinho no dia 25 de
Novembro de 1885.
Os recortes que a
seguir publicamos são exactamente as passagens da escritura que consideramos de
maior relevância, em forma de legenda estão os respectivos textos rigorosamente
transcritos por documento oficial da autoria de Jorge Filippe Cosmetti.
"Saibam
quantos esta pública escriptura de doação virem: que no anno de nascimento de
Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e setenta e cinco, aos vinte e
cinco dias do mês de Novembro nesta Cidade de Lisboa, rua Áurea numero vinte e
seis, meu escriptorio compareceram, o Visconde de Portocarrero, João de Cunha
Cardoso Ozorio Ferraz e Castro de Portocarrero, Par do Reino, solteiro e maior,
morador na Rua Formosa numero quarenta e cinco, pessoa que conheço pelo
próprio. E logo disse em minha presença e na das testemunhas ao diante
nomeadas: Que elle é senhor e possuidor de uma casa sita na rua direita da
freguesia de Pombalinho, concelho de Santarem, que consta de lojas e vasto
primeiro andar assobradado, com janelas porta e escadaria de pedra... "
"... Que pela presente
escriptura, de sua livre e espontanea vontade, faz pura doação de hoje em
diante à Junta de Parochia da freguesia de Pombalinho do primeiro andar desta
casa com destino a Escola primária da referida freguesia; continuando porem a
ficar-lhe pertencendo a plena propriedade das lojas da referida casa e que
servem de celleiros. Que desde já tira e demitte ... "
Colaboração interpretativa
do texto original - Bruno Cruz
Para consultar a escritura original em formato PDF, clicar em Pombalinho Documental
Nota_1 - Já depois desta
publicação ter sido feita, chegou-nos por gesto simpático de Luís Filipe Júlio,
uma transcrição oficial do texto original, feita em 6 de Julho de 1901 e da
autoria de Jorge Filippe Cosmetti, perito em paleografia. Para aceder também a
esse importante documento, clique aqui + aqui e aqui
Nota_2 - Com o intuito de nos aproximarmos ao rigor histórico que
este documento merece, solicitamos ao escritor e investigador Manuel Abranches de Soveral ,
uma interpretação do texto original. O resultado é o que mostramos aqui ,
agradecendo pelo facto ao conhecido professor o importante contributo que
prestou a este espaço de história sobre o Pombalinho.
06 outubro 2008
Energia eléctrica no Pombalinho!
A instalação da energia
eléctrica no Pombalinho foi de uma importância vital para a melhoria da
qualidade de vida dos Pombalinhenses e naturalmente contribuiu para o seu bem
estar em todas as vertentes sociais.
Para quem viveu aquelas
longínquas noites à luz do clássico candeeiro a petróleo, passar a precisar
apenas de um simples clic no interruptor para iluminar toda uma casa, foi
realmente uma mudança fantástica nos hábitos de vida de toda a gente! Aconteceu
por volta de 1960 e a partir daí pudemos usufruir dessa magnífica
infraestrutura que veio permitir a muitas pessoas a aquisição de
utensílios/electrodomésticos jamais imagináveis nos lares de então, como as
telefonias, frigoríficos e poucos anos mais tarde as primeiras televisões,
caixinhas que vieram verdadeiramente transformar o mundo.
Nesta fotografia que se
refere à construção do Posto de Transformação, situado na Rua António Eugénio
de Menezes, podemos reconhecer os homens do Pombalinho que contribuiram na sua
construção. São eles, José Maria, António Silva e Luís Cordoeiro.
Colaboração
fotográfica - Gina Cordoeiro
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