Sabia-se que a antiga
Escola Primária do Pombalinho, localizada na rua Carolina Infante de Câmara,
tinha sido doada por
acto de benemerência às entidades de então responsáveis pelo destino colectivo
da freguesia. Algumas dúvidas persistiam no entanto entre alguns nossos
conterrâneos sobre quem tinha praticado esse acto de tão elevada nobreza.
Igualmente sobre este assunto, algumas opiniões foram emitidas nem sempre de
forma correcta e necessáriamente isentas de um imprescindível rigor histórico,
ainda mais quanto se trata, como é manifestamente este o caso, de actos há
muito realizados e porventura carentes de comprovativos documentais.
Assim sendo e como o
assunto nos pareceu de certo modo entusiasmante resolvemos desenvolver as
diligências necessárias que nos pareceram as mais correctas neste tipo de
situações. A conselho do ex-presidente da Junta de Freguesia (Joaquim B Mateiro
que nos dizia que o documento referente à respectica escritura de doação se
encontrava talvez na Torre do Tombo) contactámos o Arquivo Distrital de Lisboa
e para nossa surpresa, ao fim de pouco mais de uma semana já tínhamos em nosso
poder uma fotocópia desse importante e histórico documento para a história do
Pombalinho.
Como se pode fácilmente
perceber, a interpretação da escrita não é de fácil leitura, daí o facto de só
agora o termos publicado, mas no essencial do que está nele manuscrito
entende-se perfeitamente o objectivo que levou João da Cunha Cardoso
Osório Ferraz e Castro de Portocarreiro, 2º Visconde de Portocarreiro a
um acto de tão elevada nobreza para a população do Pombalinho no dia 25 de
Novembro de 1885.
Os recortes que a
seguir publicamos são exactamente as passagens da escritura que consideramos de
maior relevância, em forma de legenda estão os respectivos textos rigorosamente
transcritos por documento oficial da autoria de Jorge Filippe Cosmetti.
"Saibam
quantos esta pública escriptura de doação virem: que no anno de nascimento de
Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e setenta e cinco, aos vinte e
cinco dias do mês de Novembro nesta Cidade de Lisboa, rua Áurea numero vinte e
seis, meu escriptorio compareceram, o Visconde de Portocarrero, João de Cunha
Cardoso Ozorio Ferraz e Castro de Portocarrero, Par do Reino, solteiro e maior,
morador na Rua Formosa numero quarenta e cinco, pessoa que conheço pelo
próprio. E logo disse em minha presença e na das testemunhas ao diante
nomeadas: Que elle é senhor e possuidor de uma casa sita na rua direita da
freguesia de Pombalinho, concelho de Santarem, que consta de lojas e vasto
primeiro andar assobradado, com janelas porta e escadaria de pedra... "
"... Que pela presente
escriptura, de sua livre e espontanea vontade, faz pura doação de hoje em
diante à Junta de Parochia da freguesia de Pombalinho do primeiro andar desta
casa com destino a Escola primária da referida freguesia; continuando porem a
ficar-lhe pertencendo a plena propriedade das lojas da referida casa e que
servem de celleiros. Que desde já tira e demitte ... "
Colaboração interpretativa
do texto original - Bruno Cruz
Para consultar a escritura original em formato PDF, clicar em Pombalinho Documental
Nota_1 - Já depois desta
publicação ter sido feita, chegou-nos por gesto simpático de Luís Filipe Júlio,
uma transcrição oficial do texto original, feita em 6 de Julho de 1901 e da
autoria de Jorge Filippe Cosmetti, perito em paleografia. Para aceder também a
esse importante documento, clique aqui + aqui e aqui
Nota_2 - Com o intuito de nos aproximarmos ao rigor histórico que
este documento merece, solicitamos ao escritor e investigador Manuel Abranches de Soveral ,
uma interpretação do texto original. O resultado é o que mostramos aqui ,
agradecendo pelo facto ao conhecido professor o importante contributo que
prestou a este espaço de história sobre o Pombalinho.